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Pesquisas sugeriram que ficar constantemente sentado durante o período de trabalho pode prejudicar a saúde. A partir disto, o apresentador da BBC Chris Bowlby questiona se os escritórios do futuro poderiam girar em torno da ideia de trabalhar em pé

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Trabalhar em pé seria bom para a saúde do funcionário
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Os últimos estudos sugerem que permanecer sentado durante o trabalho pode causar problemas cardiovasculares ou deixar o corpo vulnerável à diabetes. E muitas pessoas não tem como resolver esses problemas com prática de exercícios em academias.
A cultura de conforto no espaço doméstico também ajuda pouco quando se tenta evitar um estilo de vida sedentário. Uma solução seria buscar novas concepções no que concerne o espaço de trabalho, buscar formas de reduzir o tempo em que o trabalhador permanece sentado.
Esse desafio significa repensar a arquitetura, ter dinheiro para investir nisso e tentar mudar a rotina de trabalho. O investimento é caro. Só as mesas ajustáveis que permitem trabalhar sentado ou de pé podem custar centenas de dólares.
O modelo atual comum, de fileiras de mesas de trabalho, que tem a vantagem de economizar espaço, não serve para os empregadores que querem um estilo mais ativo.
Energia e criatividade
Os que defendem um tempo maior de pé durante o trabalho afirmam que esta nova forma de trabalhar é benéfica não apenas para a saúde, mas também para a energia e criatividade dos funcionários. E muitas grandes companhias estão começando a levar a sério estas afirmações.
A gerência das instalações da companhia americana GE na Grã-Bretanha está considerando a possibilidade de dar uma escolha aos funcionários. “Sabe-se cada vez mais que períodos longos de comportamento sedentário têm um efeito adverso para a saúde, então estamos tentando introduzir mesas para (os funcionários ficarem) em pé”, disse o engenheiro da GE Jonathan McGregor.

No entanto, o custo precisa ser calculado. As grandes empresas estão levantando os dados sobre doenças e folgas dos trabalhadores antes de tomar uma decisão.

Preços
Os preços podem variar, mas uma mesa que permita trabalhar em pé geralmente custa mais do que as mesas convencionais.
Na Grã-Bretanha, por exemplo, empresas cobram entre 500 libras (quase R$ 1,9 mil) e 400 libras (quase R$ 1,5 mil) por cada uma destas mesas quando são feitos pedidos de 50 ou mais unidades. O preço de uma mesa normal é de 172 libras em média (R$ 642).
Além da diferença do custo, há também outra questão: as pessoas precisarão escolher se vão ficar sentadas ou em pé. Obrigar os funcionários a ficar em pé pode prejudicar o moral no local de trabalho.
Alan Hedge, especialista em ergonomia é cético em relação a este tipo de mudança entre os trabalhadores. Alguns simplesmente vão querer continuar sentados e os que tiverem mesas ajustáveis poderão ter desentendimentos com os que permanecem sentados.
Hedge acredita que os chefes deveriam estimular os funcionários a se mover mais dentro do escritório. “Precisamos tratar a experiência de trabalhar sentado como a de dirigir. É preciso fazer pausas regularmente”, afirmou.
Conceito
O conceito de permanecer sentado em um local de trabalho é uma inovação recente, segundo Jeremy Myerson, professor de design no Royal College of Art. “Se você analisar o final do século 19”, disse o professor, os escrivãos vitorianos podiam ficar em pé em frente às suas mesas “e se moviam muito mais”.
“É possível ver o escritório industrial dos últimos cem anos como uma espécie de aberração na trajetória dos hábitos de trabalho dos últimos mil anos, quando sempre nos movimentamos”, acrescentou.

Apresentador da BBC testou uma mesa que permite trabalhar em pé
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O que mudou tudo no século 20 foi o modelo de produção chamado de “taylorismo”, quando estudos de uso de tempo e movimentação foram aplicados ao trabalho de escritório. “É muito mais fácil supervisionar e controlar as pessoas quando elas estão sentadas”, disse Myerson.
O professor sugere que, nos Estados Unidos e Grã-Bretanha, há uma “tendência de tratar o projeto do local de trabalho como custo e não como investimento”.

O professor lembra que é preciso dar uma escolha aos funcionários, ao invés de simplesmente obrigá-los a ficar em pé. “Muitas pessoas sentem que ter sua própria mesa e cadeira é um símbolo de segurança e status no trabalho”, disse.
Mesa mais alta
Quando o apresentador da BBC Chris Bowlby resolveu colocar isto em prática, ele precisou ocupar um canto mais afastado do escritório, que pudesse acomodar uma mesa mais alta – que não tinha sido projetada para o trabalho regular – para poder trabalhar de pé.
“Consegui apenas encontrar uma mesa fixa mais ou menos da minha altura, usada para trabalhos específicos, técnicos. A conexão do computador era ruim e não havia um telefone. Me disseram que mudar tudo isso sairia caro”, disse.
“Gurus do designer falam muito sobre a tecnologia móvel liberando os trabalhadores. Mas, para muitos, a necessidade de um computador e de uma linha fixa ainda funciona mais como uma amarra”, acrescentou o jornalista.
Bowlby afirma que, depois de algumas dores iniciais, ele começou a se acostumar com o trabalho em pé, voltar a se sentar em uma cadeira parecia mais apertado do que antes.
“Mas, enquanto estava em pé, fiquei distante de meus colegas, a maioria deles se perguntando o que será que eu estava fazendo.”
FONTE: BBC  BRASIL